CAUSOS DO TELEJORNALISMO
(Foto: arquivo Zezé Carneiro - é ele na foto com o VT, mas não é o personagem do texto)
Quem me contou essa foi o cinegrafista que viveu o curioso episódio.
Anos oitenta. Uma equipe da então TV Gaúcha (hoje RBSTV) cobria uma tumultuada sessão no plenário da Assembléia Legislativa do RS.
Nas galerias, grupos de funcionários públicos ensandecidos, e no microfone, deputados se revezando em inflamados pronunciamentos.
Os seguranças, visivelmente tensos, davam a impressão que a situação estava ficando fora de controle.
E ficou.
Naquela época, as câmeras de jornalismo ainda não tinham o gravador de vídeo acoplado. As imagens eram gravadas num enorme videocassete pendurado no ombro do operador de VT, que ficava sempre ligado ao cinegrafista por um cabo.
Esta ligação “umbilical” obrigava os dois a andarem sempre atentos aos movimentos um do outro, especialmente o operador de VT, que tinha que acompanhar o “olhar” do cinegrafista e ficar de ouvidos bem abertos para escutar a ordem de acionar (na época se dizia “armar” ou “disparar”) o VT para gravar as imagens. O operador tinha que estar com os dedos sempre prontos para pressionar a tecla “rec” ao comando do cinegrafista, e garantir a gravação dos takes.
Voltando ao tumulto: o veterano cinegrafista observou que a confusão ia virar briga de verdade. Quando explodiu a pancadaria entre seguranças e manifestantes, apontou a lente para o entrevero e gritou para o operador : “Dispara, dispara!!!
O assustado operador não hesitou: largou o VT no chão e saiu correndo para longe do plenário...
Quando percebeu que o parceiro havia desaparecido, o cinegrafista juntou o VT, “armou” e saiu gravando a confusão. As imagens estavam salvas.
Controlado o tumulto, o obediente operador só foi encontrado algum tempo depois fora do plenário, ainda atônito...