ENTRADA AO VIVO - SEMPRE UMA OPERAÇÃO DE RISCO!
Não tem jeito. Entrada ao vivo significa tensão e risco de dar tudo errado.
É o momento em que uma situação tranqüila pode virar caos em segundos, sem aviso: falhas técnicas na hora H mesmo depois de mil testes, mudanças repentinas no clima, exibicionistas sem noção que surgem do nada (amigáveis ou agressivos), cachorro latindo perto, alarmes disparando, buzinadas ...
Ninguém está livre. Pode acontecer com a Globo ou com a TV de Burkina-Faso.
Geralmente há pouco ou nenhum tempo pra resolver problemas inesperados no equipamento, lidar com aparições inusitadas ou esperar que o vento acalme.
Não adianta bater boca com os técnicos nem amaldiçoar os humores da natureza.
E muito menos sair no tapa com algum popular que se mete na frente da câmera pra mandar recado para a mãe.
Só o que pode salvar (ou remediar) a situação segundos antes do “Vai!” ou quando já está no ar, é a presença de espírito da equipe e a autoconfiança do repórter.
Se todos – especialmente o repórter - se mantiverem calmos, mesmo que um doido surja gritando ou o microfone dê choque, fica muito mais fácil contornar os problemas.
Um repórter que mantém a cabeça no lugar nesta hora vai encontrar uma maneira de sair honrosamente da enrascada diante da audiência.
Bem, o sinal pode cair, câmera pifar, chuva molhar toda a equipe ou um doido pode pular no pescoço da repórter para um beijo apaixonado de fã.
Vivo é isso aí mesmo. Mas alguns procedimentos básicos podem ser salvadores naquela hora em que a bruxa aparece:
- No ar, quando há problema técnico, não adianta apelar para desculpas bobas para explicar aos telespectadores o que na hora ninguém sabe o que é.
- Em vez de aplicar o clássico “temos uma falha técnica”(que não diz nada e só joga a culpa nos outros), é melhor dizer que há um problema que está sendo resolvido e abreviar o texto da melhor maneira possível.
- O público não é bobo. É melhor assumir o problema do que tentar mascarar uma situação inesperada que está ali aos olhos de todos.
- Se populares começam a perturbar ao redor, é preciso manter a concentração. Se necessário, faça uma menção sutil sobre os ânimos naquele momento, tendo o cuidado de não atiçar pessoas já exaltadas. Mas não finja que nada está acontecendo ao redor e jamais perca o controle!
- Se a situação ficar insustentável, o melhor é abreviar a fala, dando a deixa com assinatura para que o pessoal na emissora ou na unidade móvel encerre a transmissão.
- Nas fatídicas entradas ao vivo envolvendo torcidas de futebol, com toda aquela gritaria e gente pulando sobre a equipe é preciso manter a concentração e o bom humor pra ficar no clima. Mas se coisa desandar pelo descontrole dos torcedores, vale a regra anterior: encurte logo o texto e dê a deixa para o corte. O suíte vai aproveitar alguns segundos da gritaria pra baixar o áudio com sutileza.
Outra regra básica a ser considerada ainda na redação, antes de partir para o ponto de transmissão: é fundamental avaliar o clima do local para não expor profissionais e equipamentos a uma situação de risco. Seja na alegre agitação dos estádios de futebol ou na turbulência de manifestações políticas, a própria policia tem dificuldades para controlar grupos de pessoas agitadas. Porque então uma simples equipe de TV conseguiria?
Próximo post sobre o tema: E quando dá branco no ar?