QUE ARMA É ESSA??
Saber identificar tipos de armamento é fundamental para os jornalistas nestes tempos de violência desenfreada nas cidades.
A intensidade dos conflitos urbanos detonada pelos confrontos entre o crime organizado e as policias tornou trivial no nosso dia a dia a utilização de armas que antes só víamos em guerras convencionais.
Balas perdidas de vários calibres zunem por aí todos os dias.
Com o noticiário tomado por conflitos entre gangues de traficantes, tropas policiais subindo morros, quadrilhas bem armadas explodindo diariamente bancos e carros-fortes, o repórter não pode desdenhar a informação técnica, presumindo que o publico não precisa entender a diferença entre sub-metralhadora e fuzil.
Descrever corretamente é dar a verdadeira dimensão do fato.
A obrigação do repórter é exatamente esclarecer o que interessa para as pessoas: o real efeito de determinado tipo de arma, para evitar na matéria os exageros que conduzem a uma interpretação errada.
É preciso conhecer armas e calibres mais utilizados e o verdadeiro poder que tem.
Repórteres da geração vídeo game sabem que qualquer jogo que envolva armas utiliza os modelos reais, trazendo no menu de opções a identificação, cadência de tiro e outras informações que hoje estão na memória de qualquer moleque ou marmanjo plugado.
Nem sempre basta confiar na informação dos policiais. Muitos deles só conhecem as armas que usam no trabalho.
O repórter tem que fazer uma pesquisa básica e sempre que possível falar com especialistas para entender a dimensão do arsenal que está tomando conta das ruas e estrelando as matérias.
Um erro comum: a arma apreendida naquela operação é um fuzil AK-47. Aí o repórter pega o smartphone, vai direto pro Google, e lá encontra a informação que a cadência da arma é de tantas centenas de tiros por minuto. É um dado puramente técnico, mas o repórter afoito logo deduz que a arma é capaz de cuspir fogo pelo tempo que o atirador quiser, ignorando que os carregadores de munição geralmente tem no máximo 30 ou 40 tiros. E mesmo assim ninguém dispara tudo isso de uma vez, pois o cano derreteria.
É normal que as pessoas imaginem que tiroteios acontecem como nos filmes, com disparos impossíveis e sempre certeiros, munição que nunca acaba, balaços que jogam a vítima longe, tiros que explodem carros e por aí vai.
Um jornalista não tem essa desculpa.
Entender como funcionam as armas que hoje aterrorizam a todos é tão importante quanto conhecer as táticas básicas da polícia e como os combates urbanos se desenvolvem.
Saber que sub.metralhadora e metralhadora são coisas bem diferentes não é exagero. É informação que influi na dimensão do fato. E a realidade das coisas é o que as pessoas precisam saber.
O público merece ser informado correta e honestamente, sem ficção de cinema e menosprezo à sua inteligência.