REPÓRTER, O CONTADOR DE HISTÓRIAS
Uma história bem contada pode ficar muito mais interessante que outra com assunto mais forte, porém descrito de forma burocrática.
Repórter não pode ser redator de ata, agindo como uma secretária que faz o resumo de uma enfadonha reunião de diretoria.
Não basta descrever o fato e seus elementos básicos. A matéria tem que ter charme e personalidade, seja uma tensa pauta policial ou um pouco excitante tema de economia.
Buscar originalidade não faz do repórter dono dos fatos e muito menos senhor da verdade. Contar bem uma história é extrair dela seus melhores ingredientes e temperar com um olhar especial, que vá além da observação superficial dos acontecimentos e uso correto das informações.
É aí que entra o feeling do repórter e a disposição para fazer diferente.
Com sensibilidade, criatividade e uma boa base de cultura geral, sempre dá para encontrar uma forma de contar a história com estilo, classe e encantamento.
E aí está feita a diferença!
Para começar, o repórter deve sempre conduzir o telespectador pela matéria, levá-lo para dentro da história. Tem que conquistá-lo já nas primeiras frases e prender a atenção até o fim.
Há três elementos básicos numa reportagem sedutora:
O primeiro, e mais importante, é a qualidade do repórter.
A receita:
. Texto fluido, claro e direto, com redação criativa num roteiro ritmado, livre de lugares comuns, chavões e soluções de narrativa simplórias ou previsíveis.
. Evite descrever o que as imagens já estão mostrando. Acrescente informações ao que o está na tela.
. Liberdade textual, mas sempre com critério. Uso de figuras de linguagens, metáforas ou mesmo referências de cinema, literatura, etc são sempre bem vindos, desde que aplicados com bom senso e eficiência.
. Locução em off com vivacidade, mantendo uma entonação adequada à abordagem.
. Passagem do repórter com informação consistente, que costure o texto sem excesso de exposição. Muito cuidado com a postura: é muito tênue a linha que separa uma atitude espirituosa de uma performance pretenciosa ou boboca.
. Entrevistas que acrescentem informação à matéria, e não apenas trechos com frases chavão só pra encaixar na edição.
Outro elemento fundamental é a presença do repórter cinematográfico ou cinegrafista. Ele deve construir a matéria junto com o repórter, contribuindo não só com as melhores imagens, mas também propondo suas idéias de abordagem conforme o que observa. Um repórter bem sintonizado com seu câmera é meio caminho andado para uma boa matéria.
Por fim, os recursos de apoio: computação gráfica e outros efeitos especiais, sonorização e até dramatizações. Esses e demais efeitos complementares devem ser sempre bem avaliados sobre sua necessidade, para não sejam apenas maquiagem para “embelezar” ou inchar a matéria.
Lembrando: originalidade é tudo. Pouco adianta um grande cinegrafista e tecnologia de ponta se o repórter não consegue ir além do estilo feijão com arroz.