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CARONA PRA BANDIDO? NEM PENSAR!

Aviso aos corneteiros do politicamente correto, que podem achar que estou brincando com coisa séria: este é apenas um breve e curioso relato de um fato específico envolvendo a imprensa durante um dramático episódio.

Todo mundo lembra a famosa rebelião do Presídio Central, acontecido no inverno de 1994 em Porto Alegre. O episódio marcou a capital gaúcha e a história da segurança pública no Rio Grande do Sul, tanto pelas ações “cinematográficas” na fuga dos apenados quando pelos efeitos que permanecem até hoje. Foi por causa desta rebelião que o governo estadual criou a força tarefa da Brigada Militar para botar ordem nos maiores presídios.

Indo direto ao causo :

Um dos três carros em que os bandidos fugiram com reféns (carros Gol cedidos pela polícia nas negociações) foi parar na rua Ivo Corseuill, no bairro Petrópolis. Perseguidos pela polícia, perderam o controle e bateram numa esquina. Armou-se alí um cerco com dezenas de policiais civis e militares.

Dentro do carro estavam os líderes da rebelião, Dilonei Melara e Fernandinho. Os reféns eram duas mulheres que trabalhavam no hospital do presídio, onde tudo começou, e o próprio diretor do hospital. No tiroteio que se seguiu à colisão, o único baleado foi o diretor, que sobreviveu mas acabou em cadeira de rodas.

Acuados dentro do carro batido, os criminosos, com armas apontadas para as cabeças dos reféns, exigiam outro carro para sair dali. E não queriam mais carro cedido pela polícia e sim, um veículo da imprensa.

Havia várias equipes de reportagem cobrindo aquele cerco. Entre elas a minha, pela RBSTV. Todos mantidos à distância.

Houve então a primeira tentativa, que gerou uma cena - em que pese o drama envolvido – de comédia.

Os negociadores conseguiram convencer uma equipe do Correio do Povo a entregar sua Parati para os bandidos.

O carro, conduzido pelo motorista da empresa, foi parando lentamente na terra de ninguém que ficava entre o Gol dos criminosos e uma tropa de policiais com armas apontadas e engatilhadas.

Assim que a Parati parou, um grupo de policiais correu até ali e se posicionou com as armas apontadas usando o carro como escudo.

Quando o motorista percebeu que tinha se metido bem no meio da linha de tiro, bateu o pavor e não quis saber de mais nada. Acelerou e arrancou dalí como um foguete, fritando os pneus e deixando os policiais totalmente descobertos.

Tiveram apenas uma fração de segundo para correr por onde desse e se jogar atrás das barreiras de onde seus colegas observavam tudo. Uma cena de pastelão no meio de toda aquela tensão.

Naquela noite ninguém mais viu o sujeito.

Já os bandidos saíram dalí numa Parati da RBSTV, depois pegaram um táxi Passat com o qual circularam atarantados pelo centro, sempre perseguidos pela polícia, até entrar com táxi e tudo no saguão do hotel Plaza San Raphael.

Lá encararam outro demorado cerco. Sem alternativas de fuga, acabaram se entregando no dia seguinte, ao início da tarde.


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